Coopercitrus capta R$174 mi junto ao Bradesco em sua 1ª emissão atrelada a metas ESG

Coopercitrus capta R$174 mi junto ao Bradesco em sua 1ª emissão atrelada a metas ESG

A Coopercitrus, uma das maiores cooperativas de produtores rurais do Brasil, captou R$ 174 milhões em empréstimos junto ao banco Bradesco em sua primeira emissão amparada por metas de governança ambiental, social e corporativa (ESG, na sigla em inglês), informou à Reuters nesta sexta-feira (12). Entre as metas do projeto, estão a restauração de áreas degradadas e a recuperação de nascentes.

“A captação tem como objetivo financiar o cooperado na compra de insumos e, com isso, promover o desenvolvimento e enfatizar a transparência e integridade de empréstimos vinculados à sustentabilidade“, disse.

Segundo o consultor em sustentabilidade da Coopercitrus, Boris Wiazowski, a operação é vinculada a um título de Cédula de Produto Rural (CPR), que permite a antecipação de recursos ao produtor ou a uma cooperativa mediante um compromisso de resgate.

“Dois indicadores que foram colocados como metas foram restauração de áreas degradadas e a recuperação de nascentes, dois projetos que a cooperativa já tocava”, disse ele.

“O que a gente fez foi aumentar o percentual de resultado dos projetos em relação ao nosso histórico, de 30% a 50% de aumento sobre o ano anterior”, acrescentou.

Com isso, ele destacou que a cooperativa conseguiu uma taxa de juros mais competitiva que a média do mercado. A Coopercitrus não revelou quais foram as taxas da operação.

Os empréstimos estão amparados tanto pela iniciativa Sustainability Linked Loan Principles (SLLPs), da Loan Market Association, como por uma avaliação independente de uma Second-party Opinion (SPO).

Desde 2019, a cooperativa mantém iniciativas ambientais e sociais através da Fundação Coopercitrus. Por meio dela, cooperados têm acesso a projetos de recuperação de nascentes e reflorestamento em áreas degradadas que contribuem com o aumento da disponibilidade de água e mitigação das mudanças climáticas.

A cooperativa conta com cerca de 38 mil cooperados e unidades de negócios em mais de 65 municípios, nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Fonte: Nayara Figueiredo, da Reuters

Faturamento com exportações do agronegócio é recorde no 1º semestre

Faturamento com exportações do agronegócio é registro no 1º semestre

O forte crescimento da demanda mundial por alimentos e energia tem elevado os preços de produtos do agronegócio desde o início de 2021. Em 2022, a guerra na Ucrânia agravou o quadro de oferta e demanda, que já estava apertado por conta da pandemia, que, vale lembrar, levou à redução das operações entre os países produtores, com consequentes desarranjos nas cadeias globais de valor e aumento no frete marítimo. O cenário de preços em forte alta no mercado internacional garantiu ao agronegócio brasileiro, importante exportador mundial de alimentos e energia, sucessivos recordes nas vendas externas.

Pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizadas com base em dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia), mostram que, de janeiro a junho de 2022, o volume exportado pelo agronegócio nacional recuou 1% frente ao mesmo período do ano anterior, mas os preços em dólar subiram 28%. Diante disso, o faturamento somou US$ 79 bilhões no primeiro semestre, sendo 26% acima do registrado no mesmo período de 2021 e um recorde.

Mesmo diante de faturamento em dólar recorde, em moeda nacional, a receita real não apresentou o mesmo desempenho, devido ao processo inflacionário observado no Brasil ao longo do primeiro semestre de 2022. A alta do preço real em Reais no primeiro semestre de 2022 frente ao mesmo período de 2021 se limitou a aproximadamente 6%.

Quanto aos produtos exportados pelo agronegócio nacional de janeiro a junho deste ano, os do complexo da soja continuam liderando o desempenho do setor. A soja em grão e seus derivados representaram quase 48% do faturamento externo do agronegócio no primeiro semestre de 2022, seguidos por carnes, produtos florestais, café e os do complexo sucroalcooleiro. Do lado comprador, o destaque foi a China, como esperado (representando 35% do faturamento externo do agronegócio), seguida pela União Europeia e pelos Estados Unidos (com 16% e 6,5%, respectivamente).

DIVISAS – Nos primeiros seis meses de 2022, a participação do agronegócio no saldo comercial do País foi de 48%, superando a participação obtida no mesmo período de 2021. Com esse resultado, a balança comercial do setor (exportações menos importações de produtos agrícolas) ficou positiva, em mais de US$ 70 bilhões, compensando o déficit comercial dos outros setores da economia brasileira e contribuindo para um superávit comercial de mais de US$ 30 bilhões.

PERSPECTIVAS – As atenções neste segundo semestre estão voltadas ao andamento da safra no Hemisfério Norte. A colheita nos Estados Unidos e a evolução dos embarques dos grãos ucranianos terão papel crucial na contenção da escalada dos preços dos alimentos – que, ressalta-se, já tem mostrado certa desaceleração.

Assim, se o primeiro semestre de 2022 foi marcado pelas inflações de energia e de alimentos no mundo, devido à guerra na Ucrânia e seus desdobramentos, para o segundo semestre, o combate à inflação, que se dará pela continuidade da alta dos juros nos Estados Unidos e na Europa, tem elevado o temor de uma recessão na economia mundial nos próximos meses, o que pode auxiliar a conter a alta dos preços externos de commodities. Isso porque o resultado dessas políticas pode ser uma menor pressão da demanda e crescimento na oferta, retirando espaço para altas intensas nos preços dos alimentos, e, claro, caso não haja perdas significativas na oferta global, por conta de eventos climáticos adversos.

Fonte: Cepea