Bioeconomia no Pará deve gerar R$ 170 bilhões em 2040, projeta BID

Bioeconomia no Pará deve gerar R$ 170 bilhões em 2040, projeta BID

Açaí, cacau-amêndoa, castanha-do-pará, palmito, borracha, tucumã, cupuaçu-amêndoa, cumaru, murumuru e óleo de castanha-do-pará são fruto da bioeconomia e base da exportação do Estado do Pará. Juntos, representam 96% do Produto Interno Bruto (PIB) local, que foi de R$ 5,4 bilhões em 2019, e é composto ainda por 20 outras cadeias produtivas de menor participação.

Com base nesse resultado, um estudo inédito projeta que a bioeconomia do Estado pode gerar R$ 170 bilhões em 2040. Os dados foram divulgados, nesta terça-feira (19/10), durante o Fórum Mundial de Bioeconomia, pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com a ONG The Nature Conservancy e coordenado pelo professor Dr. Francisco de Assis Costa, do Núcleo de Altos Estudos da Amazônia da Universidade Federal do Pará. (NAEA/UFPA).

“São produtos muito importantes para a discussão de desenvolvimento da região, que tem agregação de valor de 2,9 vezes mais em relação à produção rural”, revela Costa. O pesquisador defende, no entanto, que só será possível chegar aos ganhos econômicos projetados se houver políticas públicas adequadas.

Uma consideração a ser realçada, segundo ele, é que grande parte do produto paraense é comercializada dentro do território nacional. De acordo com Costa, apenas 2% de todo o volume dos 30 produtos vai para os outros países, e cerca de 60% abastece mercados consumidores brasileiros, como a região Sudeste.

O restante vai para as ‘cadeias curtas’, que é o consumo local, extremamente importante para a economia regional. Uma estratégia paraense é tratar com muita ênfase esse tipo de produto, valorizando o consumo local e não dar ênfase ao que seria a exportação internacional”, observa o pesquisador durante lançamento do estudo.

Como evidêncis de que a biodiversidade é a saída para o desenvolvimento sustentável desta região da Amazônia, 80% da renda derivada das exportações é absorvida pela economia local. “Isso tem que ser tratado estrategicamente. Que pensem em fortalecer a economia da região, com a floresta em pé”, enfatiza o pesquisador da UFPA.

Bebere Tekakmeiti Xikrin, produtor de castanha e presidente da Associação Bebo Xikrin do Bacajá, afirma que um dos maiores desafios para o ganho de escala da produção e comercialização é a falta de clareza sobre os territórios indígenas. “Tem que se garantir a floresta em pé, garantir terras indígenas para os indígenas, para a economia e vida dos povos. E também garantir que não tenha invasores da área dos castanhais”, defende.

Assim como produtores de outros cultivos, ele também sinaliza a importância da previsibilidade de venda, havendo um contrato de garantia antes da safra, e também melhores condições logísticas, à medida que as hidrovias ainda são precárias e em determinadas regiões o escoamento da castanha fica inviável.

Neste sentido, o pesquisador Francisco de Assis Costa defende ainda o acesso mais fácil a financiamentos e linhas de crédito. Segundo ele, apenas 5,3% dos produtores que vivem da bioeconomia conseguem receber crédito, enquanto outros atores, como da agropecuária, representam 22% dos tomadores de crédito do Pará.

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Fonte: Por Mariana Grilli – Globo Rural